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Apesar das recentes tentativas de alteração da situação da mulher no mundo do jazz, como o memorável festival Diet Coke Women In Jazz Festival, realizado no Lincoln Center, o fato é que a presença da mulher no meio jazzístico é ainda bastante rarefeita. A explicação mais plausível para o domínio masculino no jazz parece ser a mesma para as demais áreas da cultura: puro machismo. Para as mulheres, seres que não podiam sequer votar no início do século XX, não seria surpresa que também não pudessem fazer música fora da casa de seus pais ou maridos. Limitadas à prática doméstica do canto e do piano, raras concessões eram feitas às mulheres no mundo da música, com as conhecidas exceções da música erudita. Nos primórdios do jazz, a musicista era quase sempre vista como uma prostituta ou, na melhor das hipóteses, uma mulher de vida moral extremamente duvidosa. Apesar de todas as lutas, algumas mudanças e poucas vitórias em diversos setores, a presença da mulher na produção artística, em especial no jazz, tem sido, ainda hoje, insignificante. Elas simplesmente não tocam jazz e, confesso, não sei por quais motivos isso ainda acontece de forma tão contundente. Enquanto o panorama não muda, o Jazzseen vai promovendo sistematicamente aquelas mulheres destemidas que, apesar de todas as dificuldades e preconceitos, insistem em fazer jazz.
Hoje nossa homenagem vai para a trompetista Clora Bryant. Nascida em 1927, Clora começou a tocar o trompete que o irmão deixou em casa quando partiu para a guerra. Tendo que enfrentar sérias dificuldades – ela trabalhou algum tempo como empregada doméstica, além de criar seus quatro filhos – Clora estudou música durante praticamente toda sua vida. Apesar de influenciada pelo bop de Dizzy Gillespie, Clora é uma competente instrumentista, com toque individualizado e também canta de forma convincente. Atuou em diversas formações, principalmente em Los Angeles, além de participar de algumas bandas formadas apenas por mulheres. Aos 70 anos, após um ataque cardíaco, foi obrigada a abandonar o trompete, passando somente a cantar. No Gramophone Jazzseen, logo acima, deixamos duas faixas dessa pioneira, gravadas em 1957, com Clora no trompete e vocal, Walter Benton (ts), Roger Fleming (p), Bem Tucker (b) e Bruz Freeman (d). Ambas são do ábum Gal With A Horn. Boa audição!
Apesar das recentes tentativas de alteração da situação da mulher no mundo do jazz, como o memorável festival Diet Coke Women In Jazz Festival, realizado no Lincoln Center, o fato é que a presença da mulher no meio jazzístico é ainda bastante rarefeita. A explicação mais plausível para o domínio masculino no jazz parece ser a mesma para as demais áreas da cultura: puro machismo. Para as mulheres, seres que não podiam sequer votar no início do século XX, não seria surpresa que também não pudessem fazer música fora da casa de seus pais ou maridos. Limitadas à prática doméstica do canto e do piano, raras concessões eram feitas às mulheres no mundo da música, com as conhecidas exceções da música erudita. Nos primórdios do jazz, a musicista era quase sempre vista como uma prostituta ou, na melhor das hipóteses, uma mulher de vida moral extremamente duvidosa. Apesar de todas as lutas, algumas mudanças e poucas vitórias em diversos setores, a presença da mulher na produção artística, em especial no jazz, tem sido, ainda hoje, insignificante. Elas simplesmente não tocam jazz e, confesso, não sei por quais motivos isso ainda acontece de forma tão contundente. Enquanto o panorama não muda, o Jazzseen vai promovendo sistematicamente aquelas mulheres destemidas que, apesar de todas as dificuldades e preconceitos, insistem em fazer jazz.
Hoje nossa homenagem vai para a trompetista Clora Bryant. Nascida em 1927, Clora começou a tocar o trompete que o irmão deixou em casa quando partiu para a guerra. Tendo que enfrentar sérias dificuldades – ela trabalhou algum tempo como empregada doméstica, além de criar seus quatro filhos – Clora estudou música durante praticamente toda sua vida. Apesar de influenciada pelo bop de Dizzy Gillespie, Clora é uma competente instrumentista, com toque individualizado e também canta de forma convincente. Atuou em diversas formações, principalmente em Los Angeles, além de participar de algumas bandas formadas apenas por mulheres. Aos 70 anos, após um ataque cardíaco, foi obrigada a abandonar o trompete, passando somente a cantar. No Gramophone Jazzseen, logo acima, deixamos duas faixas dessa pioneira, gravadas em 1957, com Clora no trompete e vocal, Walter Benton (ts), Roger Fleming (p), Bem Tucker (b) e Bruz Freeman (d). Ambas são do ábum Gal With A Horn. Boa audição!